Vamos entender a Síndrome do Intestino Irritável seus sintomas e tratamento
Sabe aquela sensação de que seu intestino tem vida própria, e você não tem controle sobre ele? Então ele decide quando e como agir, e esquece de ver na sua agenda seus planos ou vontades? Se já sentiu isso, á primeira vista parece ser só com você, porém saiba que não está sozinho. Muitas pessoas sofrem silenciosamente com a Síndrome do Intestino Irritável (SII), uma condição complicada que afeta milhões de pessoas em todo o mundo. Afinal, o que exatamente é essa síndrome misteriosa e, o mais importante, como podemos entender a SII e lidar com ela?
A Síndrome do Intestino Irritável é mais do que apenas uma questão de desconforto intestinal, é uma doença crônica de alta prevalência. Para muitas pessoas, é um desafio diário que pode afetar completamente a qualidade de vida, contudo entender o que está acontecendo consigo mesmo é o primeiro passo para encontrar alívio.
O que é a Síndrome do Intestino Irritável?
A SII é um distúrbio gastrointestinal funcional, ou seja, não tem uma causa orgânica identificável como uma infecção, inflamação ou lesão. Sendo assim, essa condição pode dificultar o diagnóstico e o tratamento. Os sintomas são variáveis e cada um pode apresentar de uma forma, alguns cursam com dor abdominal, cólicas, inchaço, gases, diarreia, constipação, azia, desconforto epigástrico, dores de cabeça, e até pode estar relacionado com sintomas extra intestinais como, por exemplo, dores lombares, sintomas urinários e fibromialgia.
Como ocorre o diagnóstico da SII?
O diagnóstico da SII é primordialmente realizado pelo médico gastroenterologista. O diagnóstico é feito, antes de tudo, com base nas quatro características principais: história clínica; exame físico; exames laboratoriais mínimos; e, quando indicado, colonoscopia ou outros exames apropriados. Um consenso multinacional de especialistas dos distúrbios do eixo intestino-cérebro, se reuniram e como resultado, para facilitar o diagnóstico, criaram os critérios de Roma IV, então, abaixo seguem os critérios criados:
- Dor abdominal recorrente (1x ou mais por semana por pelo menos 3 meses);
- A dor abdominal está associada a pelo menos dois dos seguintes sintomas:
- (a) dor durante a evacuação, (b) mudança na frequência das fezes, (c) mudança na aparência das fezes;
- Esses critérios devem estar presentes nos últimos 3 meses com início dos sintomas que ocorreram nos últimos 6 meses antes do diagnóstico.
Deve se atentar se o paciente não apresenta: idade igual ou superior a 50 anos, suspeita de câncer de cólon, evidência de sangue nas fezes, dor abdominal noturna ou na passagem das fezes, perda de peso injustificada, história na família de câncer colo retal ou de Doença Inflamatória Intestinal (DII), se possui massa abdominal palpável, evidencia de anemia ferropriva em exames de sangue, teste positivo para sangue oculto nas fezes.
A SII apresenta os seguintes subgrupos, consideram-se padrões da escala de Bristol (padrão/aspecto das fezes).
1) SII com diarreia. Mais comum no sexo masculino, ocorre em até 1/3 dos casos. Oscilação entre fezes amolecidas (> 25%) e fezes endurecidas (<25%);
2) SII com constipação. Mais comum no sexo feminino, ocorre em até 1/3 dos casos. Oscilação entre fezes endurecidas (> 25%) e fezes amolecidas (< 25%);
3) SII com hábito misto ou padrão cíclico. Presentes em 1/3 a 1/4 dos casos. Fezes endurecidas e amolecidas em mais de 25% do tempo.
Entender os Gatilhos da síndrome
Uma das partes mais trabalhosas de lidar com a SII é identificar seus gatilhos, ou seja, o que faz iniciar os desconfortos intestinais. Alguns alimentos, ambiente, estresse, hormônios e até mesmo alterações na microbiota intestinal podem desencadear os sintomas da SII. Uma dica é fazer um diário alimentar e de sintomas, assim você consegue identificar padrões de alimentos ou situações que podem desencadear os sintomas.
Gerenciando o Estresse
O estresse desempenha um papel importante na SII. Quando por vezes estamos estressados, sob pressão, tensos, nosso corpo frequentemente libera substâncias químicas, como o cortisol e adrenalina, que podem afetar diretamente o funcionamento do intestino. Frequentemente pessoas que passam por uma situação estressante, por exemplo, uma apresentação à banca de TCC logo após, ou até antes, passa por sintomas gastrointestinais. Portanto, encontrar maneiras de gerenciar o estresse, como exercícios de respiração, meditação, ioga, atividade física, descobrir algum passatempo, pode ajudar a reduzir a intensidade e frequência dos sintomas.
Nutrição e Estilo de Vida com a Síndrome
Existem alguns tratamentos medicamentosos que controlam ou diminuem os sintomas, porém o tratamento primordial para não retornar às crises da SII é adaptar sua alimentação e manter um estilo de vida saudável.
Desenvolveu-se uma dieta específica para Síndrome do Intestino Irritável, é a dieta baixa em FODMAP (oligossacarídeos fermentáveis, dissacarídeos, monossacarídeos e polióis) em outras palavras, são tipos de carboidratos fermentáveis, nesse sentido a restrição desses carboidratos que contém FODMAP está associada à redução da fermentação e, portanto, melhora significativa dos sintomas em alguns pacientes com SII. No entanto, essa restrição alimentar deve ser feita junto a um nutricionista especializado, por se tratar de uma dieta restrita, podendo causar deficiências nutricionais e até piora dos sintomas se não for acompanhada por especialista, da mesma forma que a dieta baixa em FODMAP ajuda pode prejudicar a longo prazo.
Buscar Ajuda Profissional
Lembre-se que não há uma única forma de tratamento que funcione para todos. Dessa forma é de suma importância que você procure a orientação de um profissional de saúde qualificado. Eles podem ajudá-lo a desenvolver um plano de tratamento personalizado juntamente com outras áreas, abordando seus sintomas de forma eficaz.
Viver com a Síndrome do Intestino Irritável pode ser trabalhoso, no entanto, não precisa ser paralisante. Com compreensão, paciência e apoio adequado, é possível encontrar formas de gerenciar e controlar os sintomas, bem como, você retome o controle de sua saúde intestinal e sua qualidade de vida. Afinal nunca se esqueça: Problema intestinal não é destino, logo te ajudo a viver melhor.
Referências